É chamada de puerpério à fase pós-parto, no qual a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas.
O puerpério inicia-se no momento em que cessa a interação hormonal entre o ovo e o organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolar da placenta, logo depois do nascimento do bebé, embora possa também ocorrer com a placenta ainda inserida, se houver morte do ovo e cessar a síntese de hormonas.
O momento do término do puerpério é impreciso, aceitando-se, em geral, que ele termina quando retorna a ovulação e a função reprodutiva da mulher.
Durante esta fase, “é plausível a ocorrência de um certo desencanto, uma vez que a realidade do ser que nasceu difere, praticamente sempre, da fantasia que os pais criam do bebé na sua mente.”
Se a mãe não fizer um trabalho de individuação e adaptação à sua função materna, corre o risco de desenvolver sentimentos de impotência, desilusão, desinteresse, vazio, entre outros sentimentos que podem culminar numa desadaptação à vida tal como ela é no presente e às responsabilidades.
Assim, dependendo do grau de inadaptação, podem ser diagnosticadas três formas de depressão:
POST-PARTUM BLUES
- Tipo de perturbação menos grave
- Taxas de prevalência de 50% a 80%
- Ocorre nos primeiros dez dias pós-parto
- Sintomas clínicos:
- Choro, irritabilidade, euforia, tristeza
- Ansiedade no relacionamento com o bebé
- Hostilidade pelo pai da criança
- Alterações do sono e despersonalização
- A mãe vira-se mais para si própria e não par a sua cria
DEPRESSÃO MAJOR PÓS-PARTO
- Clinicamente identificada como estados depressivos
- Taxas de prevalência de 10% a 20%
- Pode surgir de seis semanas a um ano após o parto
- Sintomas clínicos:
- Perturbações de humor
- Tristeza profunda
- Choro fácil, abatimento, desalento
- Oscilação emocional
- Ideias suicidas
- Perda do interesse sexual
PSICOSE PUERPERAL
- Considerado o tipo de perturbação mais grave
- Taxas de prevalência de 0,1% a 0,2%
- Ocorre geralmente a partir do primeiro dia, estendendo-se até um mês pós-parto
- Sintomas clínicos:
- Confusão mental
- Agitação psicomotora
- Angústia
- Casos de insónia passando para formas maníacas
- Melancolia
Há três formas de prevenção nestes casos, podendo elas ser:
•Primária :
•Implica a redução da incidência de transtornos psíquicos, concretizada pelos profissionais de saúde que lidam com a paciente de forma mais rotineira podendo identificar situações de maior vulnerabilidade.
•Secundária:
▫Tem como objectivo a identificação e redução do transtorno psíquico, essencialmente na sua duração.
•Terciária:
▫Caracteriza-se por reduzir os danos causados na parturiente, na família e na comunidade. Reflecte um trabalho multidisciplinar com o objectivo de fechar o ciclo de estado depressivo prevenindo problemas futuros, levando o paciente a retomar à prevenção primária.