É muito comum depararmos-nos com situações em que as crianças se encontram a falar sozinhas e a brincar como se estivessem com outra criança,quando na realidade estão sozinhas.
ESTAS SITUAÇÕES NÃO DEVEM SER MOTIVO DE ALARME PARA OS PAIS OU CUIDADORES!!!
Em idade pré-escolar (3 a 5 anos), as crianças desenvolvem a percepção de que possuem uma existência separada das outras pessoas e coisas, passam a ter noção do self. Neste período a criança inicia o seu processo de socialização, controlam a forma de mostrar os sentimentos e a serem sensíveis aos sentimentos dos outros, começam a desenvolver sentimentos como a vergonha e o orgulho, e apercebem-se de que podem experiênciar várias emoções ao mesmo tempo.
3 em 10 crianças entre os 3 e os 5 anos de idade, criam um amigo imaginário. Estes “amigos” podem surgir de duas formas: amigos invisíveis, ou objetos personificados, com os quais a criança interage, dando-lhes vida, como se fossem reais.
A criança passa a lidar com o “amigo” como se este estivesse realmente presente ao seu lado, conversa e brinca muitas das vezes tornando o espaço físico disponível para o receber, deixando por exemplo um lugar vago na mesa para o “amigo” se sentar, outras vezes ocupa só um lado da cama quando vai dormir para que “ele” se possa acomodar. A criança age como se o amigo a pudesse ver e ouvir.
Estas crianças têm consciência de que o seu “amigo” não existe, mas usam-no como meio para o desenvolvimento e compreensão de sentimentos que estão envolvidos em determinadas situações como o medo, frustração, angústia, raiva e preocupação.
Segundo vários estudos, estes fenómenos são extremamente saudáveis, pois tornam-se numa forma de a criança aprender a lidar com ela própria. Muitas vezes, estes “amigos”, servem para a criança exteriorizar sentimentos de alegria, tristeza, criar discussões, brincar e conversar. Estes “amigos” auxiliam a criança a sentir-se segura percebendo que consegue controlar a situação, como dar ordens, partilhar segredos… o que não seria possível com os seus amigos reais, irmãos ou adultos.
Podemos, com estas crianças, perceber que as suas aptidões de imaginação para o “faz de conta” se encontram desenvolvidas, fazendo com que cresçam de forma saudável.
Crianças com “amigos” imaginários tendem a mostrar menos medo, ansiedade, ser mais cooperativas, rir e sorrir mais durante as suas brincadeiras, do que as outras crianças.
Assim um amigo imaginário pode ser uma parte importante para o desenvolvimento social da criança.
>>> Os pais NÃO DEVEM:
- preocupar-se com a situação, que é perfeitamente normal,
- não devem interferir,isto é, quando a criança está a brincar com o seu “amigo”,os pais devem apenas ver e ouvir e ficar atentos aos seus gestos e atitudes;
- não devem incentivar ou reforçar a presença do “amigo”, a criança sabe que o “amigo” é criado pela sua imaginação e pode ficar confusa se os pais se comportarem como se o “amigo” realmente existisse;
- devem apenas participar na conversa ou brincadeira apenas quando forem solicitados para tal.
Estes episódios desaparecem normalmente com o tempo, por volta dos cinco anos e meio, Contudo, os pais devem estar atentos a situações que fujam do normal como:
- a criança incluir o “amigo” em todas as brincadeiras e atividades do dia-a-dia, deixando-o criar influência nessas atividades;
- se notarem que a criança tem dificuldade em conviver e socializar com outras crianças;
- se prefere a companhia do “amigo” à dos amigos reais e família;
- se a criança se isola e brinca sozinha com o “amigo” mesmo estando em grupo com amigos reais.